Há dez anos cientistas políticos
diziam que o mensalão arranharia imagem do PT. Depois veio o ta processo do
“Petrolão” escancarado pela Lava Jato.
No Piauí nada aconteceu. Nenhum
candidato trouxe o tema para o centro do debate na capital desse Estado do
Nordeste em que as discussões ocorreram apenas no campo paroquial com temas localizados
de parte a parte sobre o que alguém fez ou deixou de fazer.
Em 2014, foi o caso dos 180 mil
reais encontrados em poder de um assessor do então senador Wellington Dias.
Foi imposto limite ao discurso
político, regulando relações entre candidatos no primeiro turno em debates
formais promovidos por emissoras de televisão, que enquadraram os candidatos em
situações supostamente constrangedoras. Sem, contudo, ameçar um milímetro que
seja suas chances eleitorais. Isso ocorreu com Wellington Dias que ganhou a
eleição e com José Moraes Sousa Filho, que a perdeu na condição de governador
desde que sucessor de Wilson Martins que, candidato ao Senado também perdeu.
O que ocorreu foi só aumento no
volume da voz sem que isso tenha concorrido para ilustrar o desempenho dos
candidatos. Quem teve a segurança de manter o discurso até o fim se deu bem. o
candidato do PMDB fixou-se numa linha de raciocínio em que procurou manter
laços de contato com a grande massa do eleitorado. Não foi ouvido.
Ao que tudo indica até agora, o
julgamento do petrolão não vai trazer impactos às eleições do próximo ano. O
caso, em análise pelo STF (Supremo Tribunal Federal), pelo Ministério Público
Federal e pelo juiz federal Sergio Moro começou a escancarar a participação de
petistas no esquema que saqueou a Petrobras, símbolo monolítico do capital
brasileiro: o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, preso por corrupção ativa no mensalão, volta à
cadeia antes mesmo de cumprir a pena devida pelo crime do mensalão.
O começo da condenação do
ex-ministro, suposto sucessor natural de Lula na campanha presidencial de 2010,
caso o escândalo não tivesse sido descoberto, desgastou a imagem do governo
petista, mas não atingiu frontalmente o ex-presidente, sem embargo de tonelada
de informes que descontroi a imagem do nordestino. Dilma Rousseff venceu a
última disputa para a Presidência como conseqüência da prisão de Dirceu .
Para a historiadora Maria
Aparecida de Aquino, Lula permaneceu "blindado" durante aquele processo. Isto é, do mensalão. Com certeza
Aquino não pode dizer o mesmo agora em relação a Lula que começou a figurar
como boneco plástico com uniforme de presidiário. Um enorme desgaste para o
ex-presidente que, ainda assim, tem simpatias de grande massa de despossuídos
com os quais estabeleceu contato com a invenção do “bolsa família”.
— Eu não acredito [que a
condenação do Dirceu afete a imagem do Lula]. A figura do presidente Lula, por
uma série de razões, permaneceu absolutamente blindada. É como se na memória
das pessoas ele estivesse descolado daquelas que estiveram tão próximas dele.
A professora ainda aponta a
dificuldade em acusadores atrelarem as denúncias à imagem dele. Segundo ela,
"qualquer pessoa, até procuradores, juízes, aqueles mais alinhados à
condenação, têm muita dificuldade em incluir o ex-presidente nas suas
frequentes e longas falas a respeito da condenação".
O cientista político da UFPE
(Universidade Federal de Pernambuco) Michel Zaidan, por outro lado, defende
que, mesmo com o descolamento da imagem do ex-presidente das demais pessoas do
partido, o impacto nas eleições é uma certeza.
É assim que falam os cientistas
políticos bem distantes da realidade: os últimos acontecimentos estão longe do
que eles dizem. Contudo, acertam quando indicam que Lula sobrevibe às
intempéries. Não se sabe até quando.