Cigarras chegam às praças de Teresina |
Eram 10 horas e 15 minutos desta manhã de setembro. As
cigarras começaram a zunir inutilmente. Não anunciavam verão porque a seca em
volta dela torra tudo. Há dias.
A cigarra, porém, disciplinada e monótona, começa a zunir
aquele ruído específico que só ela sabe produzir. Cigarra que já inspirou tanta
gente em prosas e versos.
Foi La Fontaine que escreveu sobre a cigarra e a formiga; a
fábula que se transformava em lição de moral para crianças. Esta minha cigarra
aqui da praça é perdida. Talvez sequer saiba que é heroína do mal de histórias
infantis.
O que sabe é cantar e o que sei é que gosto de ouvi-la. Mais
pela disciplina. Porque, a bem da verdade, diga-se, é melhor passar a vida
cantando como ela do que trabalhando como formiga mal humorada.
Segundo os livros a cigarra ou Cicadoidea é uma superfamília
da ordem Hemiptera, subordem Homoptera, que agrupa os insetos conhecidos pelos
nomes comuns de cigarra e cega-rega.
Existem mais de 1 500 espécies conhecidas deste inseto
(sendo que a Carineta fasciculata pode ser considerada como a espécie-tipo
brasileira).
São notáveis devido à cantoria entoada pelos machos, diferente em
cada espécie e que é ouvida no período quente do ano. Os machos destes insetos
possuem aparelho estridulatório, situado nos lados do primeiro segmento
abdominal, emitindo, cada espécie, um som característico.
As cigarras também são reconhecidas pela forma
característica e pelo tamanho grande, que varia de 15 milímetros até pouco mais
de 65 milímetros de comprimento e atingindo até 10 centímetro de envergadura. Possuem “bico” comprido para se alimentar da seiva de
árvores e plantas onde normalmente vivem.
A importância da cigarra no ecossistema é positiva, por um
lado, por servir de alimento para os predadores e, negativa, por outro, porque se
constitui em pragas de algumas culturas.
As suas ninfas vivem alimentando-se da
seiva das raízes das plantas, causando sensíveis prejuízos pela quantidade de
líquidos vitais que retiram e pelos ferimentos causados às raízes, facilitando
a penetração de fungos e bactérias.
Olegário Mariano amava as cigarras. Que nem eu que, quando
menino, li e lembro até hoje da poesia que escreveu sobre elas:
O Enterro da Cigarra
As formigas levavam-na... Chovia...
Era o fim... Triste Outono fumarento...
Perto, uma fonte, em suave movimento,
Cantigas de água trêmula carpia.
Quando eu a conheci, ela trazia
Na voz um triste e doloroso acento.
Era a, cigarra de maior talento,
Mais cantadeira desta freguesia.
Passa o cortejo entre árvores amigas...
Que tristeza nas folhas.., que tristeza
Que alegria nos olhos das formigas!
Pobre cigarra! quando te levavam,
Enquanto te chorava a Natureza,
Tuas irmãs e tua mãe cantavam...
(Olegário Mariano)
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