Aliados de Dilma alegam que o texto do tucano incorporou temas que não fazem parte da denúncia |
O voto do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) - relator do
processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pela admissibilidade da denúncia já era
esperado.
Governistas, contudo, se surpreenderam com o conteúdo do parecer e
anunciaram que vão apresentar voto em separado para fazer contraponto ao
relatório.
A principal reclamação de aliados de Dilma é que, no texto,
o tucano "incorporou temas que não fazem parte do escopo da
denúncia". "Esse relatório é muito pior do que o feito na Câmara. Há
uma tentativa de caracterizar a questão como sendo a realização de crime
continuado", criticou o líder do governo no Senado, Humberto Costa
(PT-PE).
Segundo o rito do impeachment estabelecido pelo Supremo
Tribunal Federal, a discussão ficaria restrita às pedaladas fiscais e aos seis
decretos assinados por Dilma no exercício financeiro de 2015, em desacordo com
a Lei de Diretrizes Orçamentárias.
No relatório, Anastasia menciona fatos ocorridos em anos
anteriores. "O exercício de 2015 foi marcado pela repetição, senão
aprofundamento, de situações críticas verificadas em 2014", escreveu o
relator, salientando que esse é um fato que "merece ser destacado".
"Assim fica impossível o exercício do direito de
defesa, que precisa saber do que você está sendo acusado", reclamou o
senador Lindbergh Farias (PT-RJ), um dos vice-líderes do PT.
O presidente da
comissão, senador Raimundo Lira (PMDB-PB), já havia decidido que o alcance do
processo contra Dilma não poderia ser ampliado para inserção de fatos que não
fossem os decretos ou as pedaladas.
O relator negou ter ampliado os fatos em seu parecer.
"Era necessário contextualizar para haver um encadeamento lógico das
explicações. Os fatos apurados não serão inferiores a 2015, mas o que aconteceu
antes pode ser objeto de compreensão do processo", disse Anastasia.
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