Além de barata, a cocaína é vendida em todo lugar do País |
O Brasil tem a cocaína mais barata do mundo: 12 euros por
grama. O preço médio global é de 75 euros por grama.
Entre os usuários que
compraram sua própria cocaína, 52% tiveram a oferta de uma cocaína mais forte.
Os dados são do Levantamento Global de Drogas 2015 (GDS, em inglês),
uma das mais respeitadas pesquisas online sobre o consumo de substâncias
lícitas e ilícitas no mundo.
O estudo, organizado por pesquisadores do Kings College
London, na Grã-Bretanha, mostrou ainda que 12,84% dos participantes brasileiros
usaram cocaína no último ano.
Além disso, o brasileiro consome, em média, uma
quantidade maior de cocaína em um dia, em relação aos usuários dos outros
países (1,5 grama por sessão, em comparação com 0,4 grama.
Não à toa, nós também somos os que mais procuram serviços de
emergência após o uso da substância: 3,5% dos usuários no último ano procuraram
ajuda média, em comparação com apenas 0,4% na média mundial.
"O fácil acesso e a maior pureza da cocaína brasileira
favorecem o consumo. Quase um terço das pessoas disseram usar 2 gramas ou mais
por vez", disse Clarice Madruga, pesquisadora da Universidade Federal de
São Paulo e organizadora da pesquisa no Brasil.
Álcool - Os resultados sobre o consumo de álcool entre os
brasileiros impressionam. De acordo com o levantamento, o Brasil é o segundo
país no que se refere ao consumo de bebidas alcoólicas de forma abusiva --27,5%
dos participantes afirmaram ter ficado extremamente embriagados pelo menos uma
vez ao mês.
Estamos atrás apenas da Irlanda, com 29% das pessoas fazendo
a mesma afirmação.
A falta de percepção sobre os limites do consumo de álcool é
outro ponto que fez o Brasil se destacar na pesquisa. Nosso país tem um dos
menores índices de pessoas que afirmam precisar beber menos: apenas 0,1%.
Maconha - 50,9% dos usuários de maconha utilizaram a chamada
maconha de alta potência, que registra uma concentração de THC (principal
componente da maconha, responsável por seus efeitos alucinógenos) em média 40%
maior do que a maconha comum.
"Além dos números preocupantes, o que chama a atenção
são os sintomas que os usuários apresentaram pelo uso da maconha.
Quase 60%
sofreram de ansiedade, mais de 40% sentiram-se assustados, 30% tiveram
dificuldades para respirar e agitação.
Usuários relataram inclusive taquicardia após o uso,
sugerindo que as modificações no tipo de planta utilizada e as novas técnicas
de cultivo e armazenamento fazem com que a alta proporção de THC altere o
efeito principal da droga, a tornando mais estimulante que sedativa", explica
Clarice.
Anabolizantes e inibidores de apetite - O Brasil também se
destacou no uso de substâncias para alterar a aparência física, como inibidores
de apetite, entre as mulheres, e anabolizantes, entre homens.
GDS 2016 - A coleta de dados do GDS é feita anualmente,
desde 2000, e explora temas que requerem atenção imediata, como a penetração de
novas drogas em cada país. Atualmente, o levantamento é considerado a fonte
mais completa sobre a entrada de novas drogas sintéticas no mercado.
Em 2015, primeiro ano do Brasil na lista de integrantes
oficiais da pesquisa, ao lado de outros 20 países, 5.749 pessoas participaram
da pesquisa.
"Ao analisar os primeiros dados coletados pelo GDS para este
país em 2014, fiquei chocado ao constatar o consumo incrivelmente alto de
álcool e cocaína em festas.
Na verdade parece existir uma importante e estreita conexão
entre as palavras álcool, cocaína e festas neste país onde as pessoas raramente
jantam antes das dez da noite.
Saem de suas casas para a vida noturna depois
da meia noite", disse Adam Winstock, criador e coordenador geral do GDS na
Grã-Bretanha.
O Levantamento Global de Drogas 2016 tem seu foco voltado
para a entrada de novas drogas sintéticas no país, uso da internet para compra
de drogas e o uso de cigarros eletrônicos.
A pesquisa está aberta para
respostas até o dia 07 de fevereiro e todas as pessoas com mais de 16 anos
podem participar.
"Os resultados do GDS Brasil 2016 são importantes, pois
eles poderão nos mostrar como o consumo de drogas no Brasil mudou de um ano
para o outro.
Essa comparação é importante para aprofundar nosso conhecimento
sobre drogas no Brasil, o que pode contribuir para o estabelecimento de
políticas públicas no país", afirmou Clarice.
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