Tarso Genro: declaração infeliz e desrespeitosa |
Dirigentes petistas reagiram com
irritação ao ministro Jaques Wagner (Casa Civil), que, em entrevista à Folha,
disse que o partido "se lambuzou" no poder.
O ex-ministro da Justiça Tarso Genro
disse que a declaração de Wagner "foi profundamente infeliz e
desrespeitosa, porque generaliza e não contextualiza".
Segundo ele, o chefe da Casa Civil faz
"coro com o antipetismo raivoso que anda em moda na direita e na extrema
direita do país".
"Com a responsabilidade que ele
tem, deveria ser menos metafórico e mais politizado nas suas declarações",
reagiu Tarso.
A entrevista de Wagner acentuou o
mal-estar entre governo e partido.
Integrantes da direção partidária,
deputados e senadores fizeram chegar ao Palácio do Planalto sua insatisfação
diante da fala do ministro, classificada por eles como "um ataque
desnecessário" à legenda.
O presidente do PT de São Paulo,
Emídio de Souza, afirmou que o PT sofreu desgaste ao defender o governo de
Dilma Rousseff.
"Sustentar o governo mesmo quando
ele se distanciou da sua base social e do seu programa também desgastou o
partido.
O momento é de ajustar o rumo do
governo e do partido, garantir e aprofundar as conquistas e não ficar se
atacando mutuamente", disse Emídio.
Um dos lideres da manifestacao pela
democracia que ocorrera no proximo dia 20, o presidente estadual do PT-SP,
Emídio de Souza diz que ira defender o PT por razoes obvias.
O secretário de Organização do PT,
Florisvaldo Souza, também chamou de infeliz a declaração.
Coordenador da maior força petista, a
CNB (Construindo um Novo Brasil), Francisco Rocha também se manifestou
insatisfeito com Wagner.
Disse ser "lamentável que figuras
expoentes do partido se utilizem da astúcia da velha mídia quando este debate
deveria ser realizado internamente".
"O PT não se lambuzou em cuia de
mel", disse Rochinha, acrescentando que o erro foi não ter se organizado
para aprovar a reforma política.
Líder da corrente Articulação de
Esquerda, Valter Pomar registrou sua crítica nas redes sociais.
"Acho que em 1998, num encontro
nacional petista, um determinado senhor disse que o problema do seu partido é
que ele tinha que aprender a ser uma grande máquina eleitoral”
Muitos anos depois, este mesmo senhor
agora critica o seu partido porque se 'lambuzou'".
Ocupando interinamente a liderança do
PT no Senado, Paulo Rocha (PA) minimizou o impacto das declarações.
Segundo ele, o próprio partido
reconhece que reproduziu métodos em vez de se valer da popularidade de Lula
para modificá-los.
"Cometemos erros. Foi um erro o
mensalão, foi um erro fazer o caixa dois", admitiu.T
Mesmo sob críticas, Jaques Wagner
usou, nesta segunda-feira, as redes sociais para criticar o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"Esse processo [do impeachment),
que nasceu como um instrumento de vingança, não tem fundamentação
jurídica", publicou.
Ele elogiou o STF a respeito da
tramitação do processo, ao afirmar que a Corte anulou "as manobras
regimentais" de Cunha.
"Eu, a presidenta Dilma e todo o governo
estamos confiantes de que o processo de impeachment não sobreviverá",
concluiu.
Um dos principais auxiliares de Dilma,
Wagner voltou a reconhecer falhas do governo na condução da economia.
"Temos plena consciência de
alguns erros que cometemos e das dificuldades que precisamos vencer."
Na entrevista à Folha, o ministro
disse que "as medidas contracíclicas tomadas produziram problema
fiscal".
Semana passada, em entrevista a uma
rádio, ele apontou outros equívocos.
A "desoneração exagerada" e
"programas de financiamento que foram feitos num volume muito maior do que
a gente aguentava".
Na segunda,
o petista ponderou, no entanto, que "impopularidade não é crime".
"É um
defeito, um problema que vamos seguir trabalhando para resolver”. concluiu
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