O dinheiro teria saído de negociação de US$ 300 milhões |
O ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Nestor
Cerveró refere, em documentação entregue à Procuradoria-Geral da República,
anterior ao acerto de sua delação premiada, que a campanha do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, recebeu R$ 50 milhões em propina.
Segundo informações do jornal Valor Econômico, o dinheiro
teria saído de uma negociação para a compra de US$ 300 milhões em blocos de
petróleo na África em 2005.
Cerveró atribui a informação a Manuel Domingos Vicente, que
presidiu o Conselho de Administração da Sonangol, estatal petrolífera angolana.
“Manoel (sic) Vicente foi explícito em afirmar que desses
US$ 300 milhões pagos pela Petrobrás a Sonangol, companhia estatal de petróleo
de Angola, retornaram ao Brasil como propina para financiamento da campanha
presidencial do PT valores entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões.”
O delator afirma ainda que a negociação foi conduzida ‘pelos
altos escalões do governo brasileiro e angolano, sendo o representante
brasileiro o ministro da Fazenda [Antonio] Palocci”.
A publicação recorda que Cerveró foi diretor da Petrobrás
entre 2003 e 2008. Depois de ter sido exonerado do cargo, ele assumiu a
Diretoria Financeira da BR Distribuidora, subsidiária da estatal, onde ficou
até 2014, por cerca de 6 anos.
O delator destaca no documento que soube da propina por meio
de Manuel Vicente. Atualmente, Domingos Vicente é vice-presidente de Angola.
“Nestor tinha uma relação de amizade com o Dr. Manoel (sic)
Vicente (presidente da Sonangol), que em conversas mencionou textualmente a
frase “Porque nós somos homens do partido! Temos que atender as determinações
do partido!”, diz o documento.
Nos papeis, Cerveró não fornece maiores detalhes a respeito
da negociação da propina ou como o dinheiro teria chegado à campanha do PT.
O delator relata que a costa angolana era conhecida pela
capacidade de exploração de petróleo.
“Em 2005, houve uma oferta internacional de Angola, de venda
de blocos de exploração em águas profundas, como se fosse um grande leilão”,
declarou Cerveró.
“O país era extremamente interessante para a Petrobrás:
tanto pelo regime político do país aliado do governo brasileiro, quanto pelo
fato da companhia já operar e ter escritórios desde 1975 em Angola.”
Resposta De
acordo com o Estadão, o Instituto Lula declarou que ‘não comentaria supostas
delações, quanto mais supostos acordos de delação, vazados de forma seletiva,
parcial e provavelmente ilegal que alimentam um mercado de busca por benefícios
penais e manchetes sensacionalistas’.
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