Nem na Igreja tem mais honesto que ele, diz Lula |
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (20)
que não existe "uma viva alma mais honesta do que eu" ao responder
denúncias de envolvimento dele em esquemas de corrupção.
“Se tem uma coisa de
que me orgulho e que não baixo a cabeça para ninguém é que não tem nesse país
uma viva alma mais honesta do que eu.
Nem dentro da Polícia Federal, do Ministério Público, da
Igreja Católica, da igreja evangélica, nem dentro o sindicato. Pode ter igual,
mas eu duvido”, afirmou em uma entrevista de cerca de três horas concedida a
blogueiros na sede do Instituto Lula, zona sul paulistana.
Para Lula, são remotas as chances de que ele seja indiciado
nos processos que apuram corrupção na Petrobras e outras estatais.
“Não há nenhuma possibilidade de uma ação penal, a não ser
que seja uma violência contra tudo o que se conhece neste país”, enfatizou.
“O
próprio [juiz Sérgio] Moro já disse que eu não sou investigado”, disse em
referência ao magistrado que conduz os processos relativos a Operação Lava
Jato.
O ex-presidente criticou a publicação de “mentiras” contra
ele e sua família nos meios de comunicação. “O meu filho Fábio, o que fazem com
ele é uma violência”, disse também em relação aos boatos espalhados nas redes
sociais.
Por isso, Lula disse que pretende processar sempre que forem
publicadas inverdades contra ele na imprensa.
“Tudo o que os advogados
entenderem que é possível abrir processo, eu vou abrir processo”, destacou.
As ações judiciais serão, segundo o ex-presidente,
direcionadas diretamente aos autores dos artigos e reportagens. “Tudo o que os
advogados entenderem que é possível abrir processo, vou abrir processo”.
Na entrevista, Lula também defendeu o ex-ministro José
Dirceu. Segundo Lula, Dirceu foi um dos responsáveis pelo espaço conquistado
pelo PT na política brasileira. “O companheiro Zé Dirceu pode ter cometido um
erro.
Mas a gente tem que saber que o companheiro Zé Dirceu é um dos
responsáveis pela grandeza desse partido. O Zé foi um belo de um presidente [do
partido]. O [José] Genoino foi um extraordinário presidente desse partido”,
disse.
Genoino e Dirceu foram condenados na Ação Penal 470, o
processo do mensalão. Além de presidente do PT, Dirceu foi ministro-chefe da
Casa Civil durante o primeiro mandato de Lula (2003-2006).
No final do ano passado, ele foi indiciado pela Polícia
Federal pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
no esquema de superfaturamento de contratos da Petrobras.
Para a força-tarefa
da Lava Jato, o ex-ministro foi o “criador” e “beneficiário” das fraudes em
contratos da estatal.
Segundo Lula, o PT repetiu práticas que pretendia mudar
quando chegasse ao poder. “O PT errou, cometeu práticas que nós condenávamos. O
PT precisa perceber que nós não nascemos para ser igual aos outros partidos
políticos.
O PT nasceu justamente para mudar a lógica da política dos
partidos tradicionais”, ressaltou.
Porém, o ex-presidente acredita que o partido passa por um
processo de “criminalização”, onde são levantadas suspeitas até sobre doações
legais de campanha.
“O que eu acho grave é o seguinte é que todos os partidos
receberam dinheiro das mesmas fontes. Se você pegar a prestação de contas dos
partidos políticos, você vai perceber que os empresários são os mesmos para
todos os partidos”.
Lula disse concordar com os termos do manifesto divulgado
por um grupo de advogados que defende acusados na Operação Lava Jato.
No texto, os defensores reclamam do “excesso de prisões
preventivas”, da “espetacularização dos julgamentos” e das “restrições ao
direito de defesa”.
"Eu li o
manifesto dos advogados, achei pertinente e atualizado. Acho que está na hora
de a sociedade brasileira acordar e exigir mais democracia, mais direitos
humanos e mais respeito a tudo que construímos de fortalecimento das
instituições”, destacou Lula.
Para o ex-presidente, as operações contra a corrupção na
Petrobras estão cerceando o direito de defesa e violando direitos dos acusados.
“No Brasil, nesse momento, nem habeas corpus as pessoas estão conseguindo. Está
muito mais difícil do que no tempo do regime militar”, disse.
Lula conclamou os militantes do PT a defenderem nomes do
partido, que têm sido apontados como integrantes dos esquemas de corrupção.
“Enquanto não for comprovado que o cara cometeu erro, tem
que estar do lado do meu companheiro. Que história é essa do cara cair na água
e eu deixar ele morrer afogado? Não! Se eu puder ajudar, eu vou ajudá-lo”.
Fonte: Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário