Juiz Sérgio Moro: José Dirceu não estará no depoimento |
O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da
Operação Lava Jato em Curitiba, negou o pedido do ex-ministro José Dirceu para
estar presente nos depoimentos desta quarta (20) e sexta-feira (22) de
delatores que fazem menção ao petista
Foram arrolados como testemunhas na ação penal que Dirceu
responde por suposto envolvimento com desvios de verbas da Petrobras.
Na petição feita pelo advogado de Dirceu, Roberto Podval, a
defesa argumenta que os delatores “imputaram fatos criminosos” ao ex-ministro e
que, portanto, a presença de Dirceu seria indispensável para o exercício de sua
defesa.
A negativa de Moro foi confirmada por Podval e pela Justiça
Federal. Em sua volta de férias, Moro tomou nesta quarta os primeiros
depoimentos do ano.
Foram ouvidos três delatores da Lava Jato: o ex-gerente da
Petrobras Pedro Barusco Filho e os irmãos Milton e José Adolfo Pascowitch. Além
de seus defensores, estiveram presentes advogados de Dirceu e da Petrobras.
Dirceu foi preso em agosto do ano passado com base na
delação e nos documentos que foram apresentados pelos Pascowitch.
Milton, que
representava a Engevix junto a Dirceu e ao PT, afirmou em sua delação que
bancou reformas de uma casa e de um apartamento de Dirceu, entre outras ações,
e que entregou R$ 10 milhões em dinheiro vivo ao PT em 2010.
Para a defesa de Dirceu, os depoimentos desta quarta
deixaram claro que o nome do ex-ministro era usado para se obter propina, sem
que ele recebesse efetivamente os valores ilícitos.
“Porque o que se viu
aqui, que ficou absolutamente claro, é que muita gente usou o nome do José
Dirceu para ganhar dinheiro”.
Segundo Podval, Milton admitiu que pagou Dirceu por
consultorias realizadas – tese sustentada pela defesa do petista para
justificar os valores- e que o suposto ganho citado pelo empresário que Dirceu
teria obtido “é infinitamente menor ao valores que todos eles ganharam”.
“O que fica
absolutamente claro é a desproporção entre os contratos com José Dirceu e o que
todo mundo, inclusive delatores, ganhou.”
Os irmãos Pascowitch, acompanhados de seus advogados,
deixaram o prédio da Justiça Federal sem dar entrevistas.
Pedro Barusco, o primeiro a depor no dia, confirmou, segundo
seu advogado, que participou de reuniões com Dirceu para falar sobre a
Petrobras, mas que nada foi combinado com o petista sobre propina.
Segundo o defensor de Dirceu, o que Barusco define como
reunião foram, na verdade, jantares informais na casa de Milton, em que várias
pessoas participaram e que, em uma das vezes, estaria Dirceu.
“E o assunto era o
mais informal possível, já estavam ali numa relação de amizade, até porque era
interessante para todo mundo ser amigo do José Dirceu”, afirmou Podval.
Na sexta-feira (22), Moro deve ouvir outros três delatores:
Julio Camargo, lobista de fornecedoras da Petrobras, e os irmãos Fernando
Moura, lobista suspeito de representar Dirceu na Petrobras, e Olavo Moura.
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