sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Moro nega pedido de José Dirceu para ficar frente a frente com delatores


Juiz Sérgio Moro: José Dirceu não estará no depoimento
O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em Curitiba, negou o pedido do ex-ministro José Dirceu para estar presente nos depoimentos desta quarta (20) e sexta-feira (22) de delatores que fazem menção ao petista

Foram arrolados como testemunhas na ação penal que Dirceu responde por suposto envolvimento com desvios de verbas da Petrobras.

Na petição feita pelo advogado de Dirceu, Roberto Podval, a defesa argumenta que os delatores “imputaram fatos criminosos” ao ex-ministro e que, portanto, a presença de Dirceu seria indispensável para o exercício de sua defesa.

A negativa de Moro foi confirmada por Podval e pela Justiça Federal. Em sua volta de férias, Moro tomou nesta quarta os primeiros depoimentos do ano.

Foram ouvidos três delatores da Lava Jato: o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco Filho e os irmãos Milton e José Adolfo Pascowitch. Além de seus defensores, estiveram presentes advogados de Dirceu e da Petrobras.

Dirceu foi preso em agosto do ano passado com base na delação e nos documentos que foram apresentados pelos Pascowitch. 

Milton, que representava a Engevix junto a Dirceu e ao PT, afirmou em sua delação que bancou reformas de uma casa e de um apartamento de Dirceu, entre outras ações, e que entregou R$ 10 milhões em dinheiro vivo ao PT em 2010.

Para a defesa de Dirceu, os depoimentos desta quarta deixaram claro que o nome do ex-ministro era usado para se obter propina, sem que ele recebesse efetivamente os valores ilícitos.

 “Porque o que se viu aqui, que ficou absolutamente claro, é que muita gente usou o nome do José Dirceu para ganhar dinheiro”.

Segundo Podval, Milton admitiu que pagou Dirceu por consultorias realizadas – tese sustentada pela defesa do petista para justificar os valores- e que o suposto ganho citado pelo empresário que Dirceu teria obtido “é infinitamente menor ao valores que todos eles ganharam”.

 “O que fica absolutamente claro é a desproporção entre os contratos com José Dirceu e o que todo mundo, inclusive delatores, ganhou.”

Os irmãos Pascowitch, acompanhados de seus advogados, deixaram o prédio da Justiça Federal sem dar entrevistas.

Pedro Barusco, o primeiro a depor no dia, confirmou, segundo seu advogado, que participou de reuniões com Dirceu para falar sobre a Petrobras, mas que nada foi combinado com o petista sobre propina.

Segundo o defensor de Dirceu, o que Barusco define como reunião foram, na verdade, jantares informais na casa de Milton, em que várias pessoas participaram e que, em uma das vezes, estaria Dirceu.

 “E o assunto era o mais informal possível, já estavam ali numa relação de amizade, até porque era interessante para todo mundo ser amigo do José Dirceu”, afirmou Podval.


Na sexta-feira (22), Moro deve ouvir outros três delatores: Julio Camargo, lobista de fornecedoras da Petrobras, e os irmãos Fernando Moura, lobista suspeito de representar Dirceu na Petrobras, e Olavo Moura.

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