Elmano Ferrer perdeu para prefeito e se elegeu senador |
Barbas e bigodes são artifício dos
homens para reforçar masculinidade. Ao longo da história, os mais poderosos
deste planeta sustentaram sob o nariz imponentes bigodes, que inspiraram
gerações.
Hoje, o bigode caiu em desuso, sendo
associado apenas a barba. Mas, ainda tem muito bigodudo. Na política, então.
Elamno Ferrer é a maior prova de que o bigode funciona na hora de pedir votos: perdeu eleição para prefeito e se elegeu senado da República.
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filete inglês,forde-de-bigode,guia,macaca,sagüi-de-bigode.
Acrescentem-se os pornográficos:
rodapé de buceta, priquito de menina e os de recorrência ao reino animal: cara
de gato e asamde curió.
E tantas fez o bigode que terminou
aparecendo como referência positiva na campanha política para a Prefeitura de
Teresina.
Como o candidato a reeleição, Elmano
Ferrer, do PTB, usava bigode ralo e quadrado, logo a agência que elaborou sua
campanha percebeu que aquela singularidade poderia ser emblema para o eleitor
associá-lo a Elmano.
Bigodes são muitos vistos e comentados
e alguns chegam a causar impacto mais pelo talento ou competência dos seus
usuários. Ou até pelo mal que seus donos possam causar a humanidade.
No Piauí, o bigode (ou seu uso)
assumiu características políticas, digamos, sérias. Quando o ator Amaury Jucá,
caracterizado de Elmano Ferrer, o prefeito que procurava reeleição, comparecia
ao barbeiro e com este sustentava polêmica sobre deixar ou não o “bigode”.
Fazia referência direta ao político
que chamou para si a qualidade de realizador, mesmo que isso nada tivesse a ver
com o fato de ter ou não bigode.
A sacada do “bigode” chegou ao
público. Foram confeccionados dezenas de bigodes de plástico para distribuição
entre seguidores de Elmano. A agência de publicidade insistiu com a ideia do
“bigode” e caracterizou Elmano como trabalhador comum.
Num cartaz, o prefeito aparecia vestindo,
coisa que operário do Piauí sequer conhece. Boneco sem contato com a realidade.
O bigode fez sucesso. Seu dono não. Perdeu a eleição para Firmino Filho que, em
sua campanha, fazia questão de aparecer sempre muito bem barbeado.
O bigode deu a volta por cima dois
anos depois: derrotou o ex-aliado e então governador Wilson Martins na eleição
para o Senado.
Ah, claro… tinha também outro bigodudo
no Senado. Se alguém disser que vai tirar o bigode de “forma irrevogável”, não
acredite.
Teresinenses atribuem o bigode a
modismo mexicano. Acredito que essa forma de ver as coisas também vem do
cinema. Nos tempos do bang bang era comum o mexicano figurar no filme do
mocinho para servir de alvo.
Na temática daquele cinema
contemporâneo da guerra fria, os vizinhos dos americanos, os latinos e os
árabes eram sistematicamente apresentados como tipos caracterizados com
bigodes, cavanhaques, narizes aduncos.
A maioria usava chapéus de grandes
abas, roupa branca, cinta vermelha. Os
do oriente médio eram apresentados sempre portando faca curva ou adaga.
E eram colocados nas tramas como
traidores dissimulados que observavam os loiros à distância sempre tramando sua
morte.
Assim, era claro que mesmo em território alheio o nativo era sempre o
facínora, o carniceiro desalmado que teria seu fim imediato justificado pelo
esplendor da chegada do representante da classe branca dominadora.
Anos depois, a mídia ocidental
permaneceu copiando americanos: Iraquianos, vietnamitas, afegãos e
paquistaneses mesmo defendendo sua terra contra a invasão estrangeira são
insurgentes, rebeldes, terroristas.
Pesquisa realizada nos anos 90 elegeu
o músico Freddie Mercury a celebridade com “melhor bigode da Grã-Bretanha de
todos os tempos”. Além do título de
bigodudo, o vocalista do Queen jáfoi eleito pela revista Rolling Stone como
umdos 100 melhores cantores de todos os tempos. Freddie Mercury morreu em 1991,
aos 45 anos, por complicações decorrentes da AIDS.
A mesma pesquisa cita Charlie Chaplin,
o Carlitos, como dono de um respeitável bigode. O ator e cineasta criticou o
líder nazista Adolf Hitler no filme “O Grande Ditador”. Apesar das diferenças
ideológicas, Chaplin e Hitler compartilhavam o mesmo bigodinho.
Aliás, o estilo
fazia sucesso entre as personalidades políticas da época: os líderes soviéticos
Josef Stálin e Vladimir Lenin também cultivavam seus bigodinhos.
Dirigido por Quentin Tarantino, o
filme “Bastardos Inglórios” se passa durante a Segunda Guerra Mundial e
apresenta o ator Brad Pitt – de bigode – como um amalucado caçador de nazistas.
O marido de Angelina Jolie apareceu na capa da Rolling Stone com o visual novo
– que ele garante ter sido aprovado pela mulher.
Bigodes eram comuns em astros de
Hollywood ao longo das décadas de 1940 e 1950.
Só no clássico “E o Vento Levou…” (1939) foram usados 700 bigodes
postiços ao longo dos dois anos e7 dias de filmagens. Clark Gable, galã do
filme, tinha bigode de verdade.
Com
informes de Marcelo Duarte - Jornalista e autor da série de livros “O
Guia dos Curiosos
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