segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Ainda tem gente esperando o “véin” de bigode como prefeito


Elmano Ferrer perdeu para prefeito e se elegeu senador
Barbas e bigodes são artifício dos homens para reforçar masculinidade. Ao longo da história, os mais poderosos deste planeta sustentaram sob o nariz imponentes bigodes, que inspiraram gerações. 

Hoje, o bigode caiu em desuso, sendo associado apenas a barba. Mas, ainda tem muito bigodudo. Na política, então.

Elamno Ferrer é a maior prova de que o bigode funciona na hora de pedir votos: perdeu eleição para prefeito e se elegeu senado da República.

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Acrescentem-se os pornográficos: rodapé de buceta, priquito de menina e os de recorrência ao reino animal: cara de gato e asamde curió.

E tantas fez o bigode que terminou aparecendo como referência positiva na campanha política para a Prefeitura de Teresina.

Como o candidato a reeleição, Elmano Ferrer, do PTB, usava bigode ralo e quadrado, logo a agência que elaborou sua campanha percebeu que aquela singularidade poderia ser emblema para o eleitor associá-lo a Elmano.

Bigodes são muitos vistos e comentados e alguns chegam a causar impacto mais pelo talento ou competência dos seus usuários. Ou até pelo mal que seus donos possam causar a humanidade.

No Piauí, o bigode (ou seu uso) assumiu características políticas, digamos, sérias. Quando o ator Amaury Jucá, caracterizado de Elmano Ferrer, o prefeito que procurava reeleição, comparecia ao barbeiro e com este sustentava polêmica sobre deixar ou não o “bigode”.

Fazia referência direta ao político que chamou para si a qualidade de realizador, mesmo que isso nada tivesse a ver com o fato de ter ou não bigode.

A sacada do “bigode” chegou ao público. Foram confeccionados dezenas de bigodes de plástico para distribuição entre seguidores de Elmano. A agência de publicidade insistiu com a ideia do “bigode” e caracterizou Elmano como trabalhador comum.

 Num cartaz, o prefeito aparecia vestindo, coisa que operário do Piauí sequer conhece. Boneco sem contato com a realidade. O bigode fez sucesso. Seu dono não. Perdeu a eleição para Firmino Filho que, em sua campanha, fazia questão de aparecer sempre muito bem barbeado.

O bigode deu a volta por cima dois anos depois: derrotou o ex-aliado e então governador Wilson Martins na eleição para o Senado.

Ah, claro… tinha também outro bigodudo no Senado. Se alguém disser que vai tirar o bigode de “forma irrevogável”, não acredite.

Teresinenses atribuem o bigode a modismo mexicano. Acredito que essa forma de ver as coisas também vem do cinema. Nos tempos do bang bang era comum o mexicano figurar no filme do mocinho para servir de alvo.

Na temática daquele cinema contemporâneo da guerra fria, os vizinhos dos americanos, os latinos e os árabes eram sistematicamente apresentados como tipos caracterizados com bigodes, cavanhaques, narizes aduncos.

A maioria usava chapéus de grandes abas, roupa branca, cinta vermelha.  Os do oriente médio eram apresentados sempre portando faca curva ou adaga.

E eram colocados nas tramas como traidores dissimulados que observavam os loiros à distância sempre tramando sua morte. 

Assim, era claro que mesmo em território alheio o nativo era sempre o facínora, o carniceiro desalmado que teria seu fim imediato justificado pelo esplendor da chegada do representante da classe branca dominadora.

Anos depois, a mídia ocidental permaneceu copiando americanos: Iraquianos, vietnamitas, afegãos e paquistaneses mesmo defendendo sua terra contra a invasão estrangeira são insurgentes, rebeldes, terroristas.

Pesquisa realizada nos anos 90 elegeu o músico Freddie Mercury a celebridade com “melhor bigode da Grã-Bretanha de todos os tempos”.  Além do título de bigodudo, o vocalista do Queen jáfoi eleito pela revista Rolling Stone como umdos 100 melhores cantores de todos os tempos. Freddie Mercury morreu em 1991, aos 45 anos, por complicações decorrentes da AIDS.

A mesma pesquisa cita Charlie Chaplin, o Carlitos, como dono de um respeitável bigode. O ator e cineasta criticou o líder nazista Adolf Hitler no filme “O Grande Ditador”. Apesar das diferenças ideológicas, Chaplin e Hitler compartilhavam o mesmo bigodinho. 

Aliás, o estilo fazia sucesso entre as personalidades políticas da época: os líderes soviéticos Josef Stálin e Vladimir Lenin também cultivavam seus bigodinhos.

Dirigido por Quentin Tarantino, o filme “Bastardos Inglórios” se passa durante a Segunda Guerra Mundial e apresenta o ator Brad Pitt – de bigode – como um amalucado caçador de nazistas. O marido de Angelina Jolie apareceu na capa da Rolling Stone com o visual novo – que ele garante ter sido aprovado pela mulher.

Bigodes eram comuns em astros de Hollywood ao longo das décadas de 1940 e 1950.  Só no clássico “E o Vento Levou…” (1939) foram usados 700 bigodes postiços ao longo dos dois anos e7 dias de filmagens. Clark Gable, galã do filme, tinha bigode de verdade.

Com informes de Marcelo Duarte - Jornalista e autor da série de livros “O Guia dos Curiosos


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