sábado, 27 de fevereiro de 2016

Correio do Povo: Carne de rã começa a ganhar espaço na mesa dos gaúchos

Vendida a R$ 55 o quilo, rã é abatida após três meses 

Alternativa às carnes tradicionais, a rã começa a ganhar espaço na mesa dos gaúchos.

A crise econômica não afetou a produção da Ranasul, única empresa autorizada pela Fepam a criar, abater e comercializar a carne no Estado.

Pelo contrário: a produção quase dobrou no último ano. A empresa familiar fundada há 18 anos começou a tomar força há cerca de cinco, quando Jorge Zimmer largou o trabalho em uma companhia de grande porte e decidiu focar no próprio negócio.

Hoje, além dele, as filhas Ariane e Ana tocam a expansão. Ariane Zimmer acredita que o consumo disparou nos últimos anos por dois motivos principais.

 “Aumentou porque indica-se o consumo de rã a pessoas com alergias a outros alimentos e porque muitos começaram a buscar uma alimentação mais saudável”, avalia. A carne de rã é livre de colesterol e cada 100 gramas têm apenas 69 calorias. “É saudável e também gostosa”, complementa.

O ranário passou de 60 tanques de engorda para cerca de cem no último ano. São nesses tanques que os animais ganham corpo e peso durante dois ou três meses.

Por causa da intensa chuva durante o inverno de 2015, entretanto, as rãs comeram menos.

“Este ano está atípico por causa da chuva. A produção atrasou e o processo de engorda passou a demorar até 120 dias”, explica Ariane.

No momento, a Ranasul aguarda os animais engordarem para o abate e está sem estoque.

Na sede da empresa, localizada em uma rua sem asfalto próxima ao centro de Imbé e também ao rio Tramandaí, é possível visualizar todas as etapas da criação, da transformação dos girinos em rãs e da engorda até o abate.

As chamadas “matrizes”, animais selecionados para a reprodução e que vivem por cerca de oito anos, ficam em um pátio especial e se ocupam, basicamente, de fecundar. São 180 rãs e há três fêmeas para cada macho. “Nosso melhoramento é natural, sem controle genético. 

Basicamente escolhemos as mais carnudas e que se desenvolvem mais rápido para a reprodução”, afirma Ariane.

Os ovos são recolhidos com peneiras e passados para um tanque separado, onde os girinos se desenvolvem por seis meses. A empresa, hoje, possui mais de 80 mil girinos em fase de crescimento.

Quando ocorre a metamorfose – os animais deixam de ser aquáticos e tornam-se terrestres – as rãs, literalmente, pulam para um tanque ao lado. Após, são transferidas para os tanques de engorda.

O abate ocorre, geralmente, uma vez por semana, sempre com a presença de inspetores. A rã precisa atingir 250 gramas para estar pronta para o consumo.

Após a limpeza do animal, entretanto, restam apenas 120 gramas para a comercialização.

Um quilo de rã inteira custa R$ 55. A coxa, considerada a parte nobre, sai mais caro: R$ 80 o quilo. Além da carne, a Ranasul vende pizzas, pastéis e rãggets – uma derivação dos nuggets de frango.

“O processo de engorda não pode levar mais do que 150 dias, pois altera a textura da carne”, sinaliza Ariane, que chegou a estudar dois anos de Veterinária, mas optou por formar-se em Administração. É ela quem gerencia o negócio familiar.

Como preparar Após o abate e limpeza, a carne é embalada a vácuo e congelada. Para o consumo, basta retirar o produto do freezer e temperar – recomenda-se o uso de sal e limão.
O alecrim é desaconselhado, pois sobrepõe-se ao sabor da rã. 

A carne pode ser levada ao fogo, em uma panela untada com manteiga ou azeite. Vegetais podem ser adicionados à receita. A rã está pronta quando ficar dourada dos dois lados.

Além do preparo no fogão, é possível assar a carne com cebolas e tomates no forno. Basta envolver o recipiente com papel alumínio e esperar dourar. 

No forno, a carne fica mais suculenta. Há, ainda, uma opção mais calórica, porém, igualmente saborosa: rã frita.



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