segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

João Santana, marqueteiro do PT, e Odebrecht são alvo da Lava Jato

Santana  acompanhando debate durante a campanha 2010
                                                        G1 e UOL     
A Polícia Federal (PF) deflagrou a 23ª fase da Operação Lava Jato nesta segunda-feira (22). 

Um dos alvos desta etapa, chamada de Operação Acarajé, é o publicitário baiano João Santana, que foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

Há mandado de prisão temporária (de 5 dias de duração, que podem ser prorrogados) expedido contra ele, mas Santana está no exterior e não foi preso. Segundo a assessoria dele, Santana está na República Dominicana.

Há uma equipe da PF fazendo busca e apreensão no apartamento de João Santana, em um prédio no Corredor da Vitória, em bairro nobre em Salvador.

Há mandado de prisão contra o marqueteiro, que foi responsável pelas campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014). Ele está na República Dominicana, onde trabalha na reeleição do presidente Danilo Medina.

Na semana passada, o juiz Sergio Moro negou acesso aos advogados do marqueteiro aos autos da investigação sobre remuneração recebida pela Odebrecht.

Uma advogada da empreiteira confirmou que a empresa é alvo de busca em São Paulo e no Rio.
Os mandados são cumpridos nos estados da Bahia (Salvador e Camaçari), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Petrópolis e Mangaratiba) e São Paulo (São Paulo, Campinas e Poá).

Cerca de 300 policiais federais cumprem 51 mandados judiciais, sendo 38 de busca e apreensão, dois de prisão preventiva, seis de prisão temporária e cinco de condução coercitiva.

A construtora Odebrecht é uma das investigadas na operação e seus executivos foram acusados de pagar R$ 138 milhões em propina para ser contratada em oito obras da Petrobras

Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente da Odebrecht, foi preso em junho do ano passado e é um dos poucos empresários denunciados permanece atrás das grades.

A fase "Acarajá" é a etapa da Lava jato que pode ter maior repercussão no mandato de Dilma Rousseff, já que são investigados repasses da empreiteira Odebrecht para Santana no exterior.

Há no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) processo a respeito de eventuais recebimentos de recursos ilícitos pela campanha da petista provenientes de empresas investigadas na Lava Jato.

A Operação Lava Jato é a maior investigação sobre corrupção conduzida até hoje no Brasil. Ela começou investigando uma rede de doleiros que atuavam em vários Estados e descobriu a existência de um vasto esquema de corrupção, envolvendo políticos de vários partidos e as maiores empreiteiras do país.

PAGAMENTOS No último dia 12, a Folha revelou que a Lava Jato investiga indícios de pagamentos da Odebrecht ao marqueteiro das campanhas presidenciais em contas no exterior.

A investigação tem um de seus focos em valores recebidos por Santana em 2014, quando ele fez as campanhas de Dilma, no Brasil, e de José Domingo Arias, derrotado no Panamá –país onde a Odebrecht tem forte atuação.

Logo após a publicação da reportagem, advogados do marqueteiro pediram acesso à investigação junto à 13ª Vara Federal de Curitiba.

O juiz Moro, porém, negou o acesso dos advogados aos autos da investigação alegando que a abertura dos dados ao publicitário poderia pôr em risco o rastreamento de recursos financeiros ou mesmo levar à destruição de provas.

"Foram instauradas investigações que ainda tramitam em sigilo. Medida como rastreamento financeiro demanda para sua eficácia sigilo sob risco de dissipação dos registros ou dos ativos. Como diz o ditado, dinheiro tem coração de coelho e patas de lebre", escreveu o juiz.

Na negativa, Moro escreveu que o fato de "jornais e revistas terem especulado" sobre a investigação não altera a necessidade de sigilo.

O magistrado provoca Santana: "Evidente, querendo, poderá o investigado antecipar-se à conclusão da investigação e esclarecer junto à autoridade policial seu eventual relacionamento com o grupo Odebrecht".

À DISPOSIÇÃO Em reação ao despacho de Moro, a defesa de João Santana protocolou neste sábado (20) petição na qual informa que prestará depoimento tão logo seja convocado.

A manifestação assinada pelos criminalistas Fábio Tofic Simantob e Débora Gonçalves Perez aponta que Santana e a mulher dele, estão à disposição de Moro e de outras autoridades "para prestar todos os esclarecimentos necessários à descoberta da verdade".

Na petição, os criminalistas afirmam que depoimentos de Santana e sua mulher em caráter preliminar poderão "evitar conclusões precipitadas e prevenir danos irreparáveis que costumam se seguir a elas, mormente porque neste caso os prejuízos extrapolariam o conturbado cenário político brasileiro, pois os peticionários estão hoje incumbidos da campanha de reeleição do Presidente Danilo Medina, da República Dominicana".

A defesa aponta que nem o fato de Santana e Moura estarem trabalhando fora do Brasil "seria motivo impeditivo para o comparecimento, já que tão logo agendado o depoimento –e não havendo incompatibilidade de agenda– os peticionários se comprometem a comparecer independente de intimação pessoal, a qual poderá ser feita na pessoa do advogado subscritor".

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