Santana acompanhando debate durante a campanha 2010 |
G1 e UOL
A Polícia Federal (PF) deflagrou a 23ª fase da Operação Lava
Jato nesta segunda-feira (22).
Um dos alvos desta etapa, chamada de Operação
Acarajé, é o publicitário baiano João Santana, que foi marqueteiro das
campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Há mandado de prisão temporária (de 5 dias de duração, que
podem ser prorrogados) expedido contra ele, mas Santana está no exterior e não
foi preso. Segundo a assessoria dele, Santana está na República Dominicana.
Há uma equipe da PF fazendo busca e apreensão no apartamento
de João Santana, em um prédio no Corredor da Vitória, em bairro nobre em
Salvador.
Há mandado de prisão contra o marqueteiro, que foi
responsável pelas campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010
e 2014). Ele está na República Dominicana, onde trabalha na reeleição do
presidente Danilo Medina.
Na semana passada, o juiz Sergio Moro negou acesso aos
advogados do marqueteiro aos autos da investigação sobre remuneração recebida
pela Odebrecht.
Uma advogada da empreiteira confirmou que a empresa é alvo
de busca em São Paulo e no Rio.
Os mandados são cumpridos nos estados da Bahia (Salvador e
Camaçari), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Petrópolis e
Mangaratiba) e São Paulo (São Paulo, Campinas e Poá).
Cerca de 300 policiais federais cumprem 51 mandados
judiciais, sendo 38 de busca e apreensão, dois de prisão preventiva, seis de
prisão temporária e cinco de condução coercitiva.
A construtora Odebrecht é uma das investigadas na operação e
seus executivos foram acusados de pagar R$ 138 milhões em propina para ser
contratada em oito obras da Petrobras
Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente da Odebrecht,
foi preso em junho do ano passado e é um dos poucos empresários denunciados
permanece atrás das grades.
A fase "Acarajá" é a etapa da Lava jato que pode
ter maior repercussão no mandato de Dilma Rousseff, já que são investigados
repasses da empreiteira Odebrecht para Santana no exterior.
Há no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) processo a respeito
de eventuais recebimentos de recursos ilícitos pela campanha da petista
provenientes de empresas investigadas na Lava Jato.
A Operação Lava Jato é a maior investigação sobre corrupção
conduzida até hoje no Brasil. Ela começou investigando uma rede de doleiros que
atuavam em vários Estados e descobriu a existência de um vasto esquema de
corrupção, envolvendo políticos de vários partidos e as maiores empreiteiras do
país.
PAGAMENTOS No último dia 12, a Folha revelou que a Lava Jato
investiga indícios de pagamentos da Odebrecht ao marqueteiro das campanhas
presidenciais em contas no exterior.
A investigação tem um de seus focos em valores recebidos por
Santana em 2014, quando ele fez as campanhas de Dilma, no Brasil, e de José
Domingo Arias, derrotado no Panamá –país onde a Odebrecht tem forte atuação.
Logo após a publicação da reportagem, advogados do
marqueteiro pediram acesso à investigação junto à 13ª Vara Federal de Curitiba.
O juiz Moro, porém, negou o acesso dos advogados aos autos
da investigação alegando que a abertura dos dados ao publicitário poderia pôr
em risco o rastreamento de recursos financeiros ou mesmo levar à destruição de
provas.
"Foram instauradas investigações que ainda tramitam em
sigilo. Medida como rastreamento financeiro demanda para sua eficácia sigilo
sob risco de dissipação dos registros ou dos ativos. Como diz o ditado,
dinheiro tem coração de coelho e patas de lebre", escreveu o juiz.
Na negativa, Moro escreveu que o fato de "jornais e
revistas terem especulado" sobre a investigação não altera a necessidade
de sigilo.
O magistrado provoca Santana: "Evidente, querendo,
poderá o investigado antecipar-se à conclusão da investigação e esclarecer
junto à autoridade policial seu eventual relacionamento com o grupo
Odebrecht".
À DISPOSIÇÃO Em reação ao despacho de Moro, a defesa de João
Santana protocolou neste sábado (20) petição na qual informa que prestará
depoimento tão logo seja convocado.
A manifestação assinada pelos criminalistas Fábio Tofic
Simantob e Débora Gonçalves Perez aponta que Santana e a mulher dele, estão à
disposição de Moro e de outras autoridades "para prestar todos os
esclarecimentos necessários à descoberta da verdade".
Na petição, os criminalistas afirmam que depoimentos de
Santana e sua mulher em caráter preliminar poderão "evitar conclusões
precipitadas e prevenir danos irreparáveis que costumam se seguir a elas,
mormente porque neste caso os prejuízos extrapolariam o conturbado cenário
político brasileiro, pois os peticionários estão hoje incumbidos da campanha de
reeleição do Presidente Danilo Medina, da República Dominicana".
A defesa aponta que nem o fato de Santana e Moura estarem
trabalhando fora do Brasil "seria motivo impeditivo para o comparecimento,
já que tão logo agendado o depoimento –e não havendo incompatibilidade de
agenda– os peticionários se comprometem a comparecer independente de intimação
pessoal, a qual poderá ser feita na pessoa do advogado subscritor".
Nenhum comentário:
Postar um comentário