Do UOL, em São Paulo
Umberto Eco em festival literário em Roma, |
O escritor italiano Umberto Eco, autor de "O Nome da
Rosa", morreu nesta sexta-feira (19) aos 84 anos, segundo informações da
imprensa italiana.
De acordo com o jornal "La Repubblica", a morte
foi registrada por volta das 22h30 (horário local), em sua casa em Milão, mas a
causa ainda não foi divulgada.
Pensador, filósofo, ensaísta, romancista e crítico
literário, Umberto Eco era figura de renome no meio acadêmico e referência em
semiótica, mas ganhou sucesso internacional com "O Nome da
Rosa", obra adaptada para o cinema em 1986 pelo diretor Jean-Jacques
Annaud, com Sean Connery no papel principal.
No enredo, ambientado em 1327, um
monge franciscano tem a missão de descobrir as misteriosas mortes de sete
monges em sete dias.
Seu último livro, "Numero Zero", foi lançado no
ano passado e critica o mau jornalismo, a mentira e a manipulação da história.
Uma paródia sobre tempos convulsos, porque "essa é a função crítica do
intelectual".
"Essa é minha
maneira de contribuir para esclarecer algumas coisas. O intelectual não pode
fazer nada, não pode fazer a revolução. As revoluções feitas por intelectuais
são sempre muito perigosas", explicou o autor na época à agência de
notícias EFE.
Crítico das redes
sociais Umberto Eco nasceu em Alexandria, na Itália, no dia 5 de janeiro de
1932. Em 1988, ele fundou o Departamento de Comunicação da Universidade de San
Marino. Desde 2008 era professor emérito e presidente da Escola Superior de
Estudos Humanísticos da Universidade de Bolonha.
Ele se formou em filosofia em 1954, na Universidade de
Turim, defendendo uma tese sobre a estética de São Tomás de Aquino. Em 1956,
Eco publicou seu primeiro livro, uma extensão de sua tese intitulada "O
problema estético em São Tomás de Aquino".
Um dos semiólogos e intelectuais europeus mais importantes
deste século, ele também escreveu obras como "O Pêndulo de Foucault"
(1988) e "O Cemitério de Praga" (2010), além de ensaios "O
Problema Estético" (1956), "O Sinal" (1973), "Tratado Geral
de Semiótica" (1975) e "Apocalípticos e Integrados" (1964),
referência nos cursos de comunicação em todo o mundo.
Crítico do papel das novas tecnologias no processo de
disseminação de informação, Eco disse, em julho do ano passado, que as redes
sociais dão o direito à palavra a uma "legião de imbecis" que antes
falavam apenas "em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a
coletividade".
"Normalmente,
eles [os imbecis] eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo
direito à palavra de um Prêmio Nobel", disse o intelectual durante um
evento em que recebeu o título de doutor honoris causa em comunicação e cultura
na Universidade de Turim, norte da Itália.
Em uma de suas últimas colunas publicada pelo UOL, em
janeiro deste ano, Eco fala de sua visão sobre a humanidade. "Na medida em
que envelheci, comecei a odiar a humanidade. Portanto, se eu tivesse um poder
absoluto, deixaria que ela continuasse em seu caminho de autodestruição.
Ela seria destruída e eu ficaria mais feliz. Pessoas como eu
são intelectuais: nós fazemos o nosso trabalho, escrevemos artigos, temos
maneiras de protestar, mas não podemos mudar o mundo. Tudo o que podemos fazer
é apoiar a política de empatia", escreveu ele.
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