SÃO PAULO - A agência de classificação de risco Fitch rebaixou
o rating de longo prazo do Brasil em moeda estrangeira e local de BBB para
BBB-.
A perspectiva da nota permanece negativa. Em seu comunicado, a agência
diz que o corte reflete o crescente endividamento do governo, os desafios à
consolidação fiscal e a piora da perspectiva para o crescimento econômico.
Há
cerca de um mês, a agência Standard & Poor's também rebaixou a nota do
Brasil e retirou o seu selo de bom pagador.
O QUE SÃO RATINGS
As agências avaliam a
situação de governos e empresas que emitem títulos de dívida. A partir da
avaliação de itens como despesas e receitas, cenário macroeconômico,
perspectivas de investimento, política e relações do governo com o Congresso, a
agência de rating publica uma opinião, que é a chamada nota de crédito (ou
rating). Essa avaliação é usada para orientar os investidores sobre o risco de
calote envolvido naquele investimento. E quanto maior o risco, maiores os juros
pagos pelo emissor do título. Além da nota de crédito em si, a agência de
classificação de risco também diz qual é a perspectiva para a aquela avaliação.
Assim, a nota pode ter uma perspectiva negativa, estável ou positiva. Isso
indica que, a partir de novas análises, o rating tende a ser revisado para
baixo, ser mantido ou subir.
"O ambiente político difícil está dificultando o
progresso na agenda legislativa do governo", afirma a Fitch, apontando que
esse problema reverbera negativamente para a economia em geral.
A perspectiva
negativa, segundo a agência, reflete a visão de que a performance abaixo do
desejado deve persistir, enquanto a incerteza política continua a pesar na
confiança, nos investimentos e no crescimento, aumentando os riscos para a
consolidação fiscal de médio prazo.
A Fitch diz que o impacto antecipado da recessão econômica
sobre as receitas do governo e a dificuldade para implementar medidas para
compensar o cenário político "complicado" minaram a estratégia de
consolidação fiscal do governo.
"Consequentemente, em julho o governo
reduziu suas metas de superávit primário substancialmente para 2015 e adiante",
diz a agência.
"Em outro revés para a credibilidade fiscal, o governo
entregou o Orçamento de 2016 com uma meta fiscal ainda mais fraca."
A agência aponta que, ainda que o governo esteja trabalhando
em certas propostas tributárias e de gastos para retomar o padrão fiscal contido
nas projeções de julho, permanece havendo "incerteza considerável"
sobre sua implementação, "especialmente no contexto do atual impasse
político".
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