Duas delações premiadas fechadas com a Operação Lava Jato,
entre elas a de Fernando Baiano, e documentos entregues aos investigadores
colocam Bumlai e a Schahin no foco da força-tarefa do Ministério Público
Federal e Polícia Federal.
O encontro teria ocorrido no escritório de Fernando Baiano,
no Rio. Participaram da reunião Bumlai, Fernando Baiano, Cerveró, o
ex-gerente-geral da Diretoria de Internacional Eduardo Musa e o ex-gerente
executivo da área Luis Carlos Moreira.
Preso desde dezembro de 2014, em Curitiba, a delação do operador
do PMDB foi fechada no Supremo Tribunal Federal (STF) e permanece em sigilo.
Musa, fechou delação em Curitiba, com o juiz federal Sérgio Moro.
O pagamento dos US$ 5 milhões teria sido tratado diretamente
por Fernando Schahin, filho de um dos fundadores do grupo, e dividido entre os
três ex-executivos da Petrobrás da Diretoria de Internacional – cota do PMDB no
esquema de corrupção na estatal. Dois deles indicaram contas no Uruguai para
receber suas partes e um, na Suíça.
Citado como “o pecuarista” em conversas de executivos
investigados em Curitiba, Bumlai seria uma espécie de avalista dos negócios com
a Schahin, suspeita a Polícia Federal. Seu nome ainda não havia sido citado
diretamente nos negócios de propina alvos da Lava Jato.
Cunha. O navio-sonda Vitória 10.000 fez parte de um pacote
de construção de dois equipamentos do tipo, usados para exploração de petróleo
em águas profundas. Contratados pela Diretoria de Internacional, com
negociações iniciadas em 2005, por Cerveró, o pacote incluiu os termos de
construção e depois de operação. Ambos, segundo a Lava Jato, envolvendo
propina.
A Samsung Heavey Industries, em parceria com o Grupo Mitsui,
foi a responsável pela construção dos dois navios-sonda (Vitória 10.000 e
Petrobrás 10.000).
Processo já julgado procedente pelo juiz da Lava Jato,
Sérgio Moro, concluiu que a empresa pagou pelo menos US$ 30 milhões de propina,
via lobista Julio Gerin Camargo e Fernando Baiano nessa primeira etapa.
Um dos beneficiados
foi o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que recebeu
pelo menos US$ 5 milhões.
As novas revelações de Fernando Baiano e do ex-gerente de
Internacional Eduardo Musa confirmam que a segunda fase de contrato do Vitoria
10.000, para operação do equipamento, também envolveu propina e a interferência
direta do amigo de Lula.
A Schahin foi contratada, por meio da Deep Black Drilling
LLP, para operação do Vitoria 10000, pelo prazo de 10 anos (2010-2020), pelo
valor US$ 1,5 bilhão.
Apurações internas da Petrobrás anexadas aos autos da Lava
Jato indicaram problemas no contrato com a Schahin. “A demora em concretizar
negociação com a Schahin para a vinda do Vitoria 10000 para o Brasil implicou
em custo de aproximadamente US$ 126 milhões”, informa documento da estatal. “A
escolha da Schahin como parceira foi discricionária.”
O contrato foi rescindido pela Petrobrás, em maio, após o
nome da empresa ser elencado entre uma das participantes do cartel alvo da Lava
Jato. O grupo entrou esse ano em concordata.
O pecuarista José Carlos Bumlai, por meio de sua assessoria
de imprensa, infirmou que “não participou de reunião alguma com essas pessoas”
e que não tratou de contratos da Petrobrás.
“Todas as informações ultimamente veiculadas na imprensa
ligando o nome do empresário José Carlos Bumlai a escândalos relacionados à
operação Lava Jato são ilações inverídicas baseadas exclusivamente em
depoimentos prestados por delatores.
Até o momento, não temos conhecimento de qualquer prova ou
acusação formal contra o Sr. Bumlai e muito nos espanta a divulgação dessas
notícias nos jornais e revistas, especialmente porque tais depoimentos, segundo
informações dos advogados, estão sob segredo de justiça, o que torna as
notícias ainda mais especulativas.
Bumlai nega que tenha qualquer relação com as mentiras já
publicadas, e repudia as novas infâmias que estão sendo agora assacadas contra
sua pessoa”.
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