Lucídio e Alberto se uniram para um governo sem resultados |
Na sexta-feira, Lucídio Portella ou “Lucidão”, protagonista da
maior crise política da história recente do Piauí, deixou este mundo aos 93
anos.
Partiu sem contar sua versão do seu choque com o governador Hugo
Napoleão.
Este o desobedeceu e saiu do seu controle para apoiar adversário
do seu governo e do regime militar. Isso ocorreu em 84.
No dia 31 de outubro, daquele mês, o então governador do Piauí,
Hugo Napoleão, rompe com o governo militar do general João Figueiredo e com o
ex-governador Lucídio Portella que o ajudou a eleger-se em 1982.
Saiu do “esquema governista” para apoiar proposta de
redemocratização com eleição de Tancredo Neves pelo voto indireto para a
Presidência da República.
Na eleição de Tancredo, o Piauí teve papel mais destacado que em
25 de abril de 1984.
Naquele ano, foi votada a emenda Dante de Oliveira que
restabelecia as eleições diretas no País. “Diretas-já” ou “Emenda Dante” só
teve 298 votos favoráveis. TNão atingiu 320 ou dois terços dos votos
necessários.
Foi daí que surgiu a idéia da eleição de Tancredo Neves,
presidente civil pelo voto indireto.
Em todo o país, os acontecimentos de 84 e 85 tiveram
desdobramentos
No Piauí, provocou a queda da ordem política que vinha garantindo
eleições para o mesmo grupo desde a primeira em 1962.
Naquele ano Petrônio Portella foi eleito governador, em histórica
coligação que reunia pela primeira vez PSD e UDN.
Esses dois partidos foram extintos quando os militares chegaram ao
poder em 1964. Criaram o PMDB (oposição) e Arena (governo).
Tancredo Neves se elegeu presidente civil sob a legenda moderada
do PMDB com 480 votos; Paulo Maluf teve 180 votos.
Ao final da eleição de Tancredo Neves, estava traçado o fim do
sistema político que governou o Piauí por tantos anos.
Para políticos experientes como Afrânio Nunes (in memoria), o
mesmo grupo estava no poder desde 1926.
Só perdeu duas vezes: uma para Rocha Furtado em 46 e depois para
Chagas Rodrigues, em 1958.
Contudo, registre-se, que na vigência da ditadura o parnaibano
Alberto Silva foi governador indicado.
Sua indicação ocorre fora dos limites da entourage petronista ou oligárquica, como se diz.
Em 84, O clima de empolgação das eleições diretas-já que dominava
o povo brasileiro levando às ruas grandes multidões, não chegou ao Piauí.
Antes de Hugo, governado pelo irmão do senador Petrônio Portella,
o poderoso Lucídio Portella, o Estado quase não recebia informações de Brasília.
As notícias chegavam como códigos só compreendidos pelos que
estavam no poder.
O povo não tomava conhecimento das coisas, só tinha visto o
operário Lula recentemente e o PT tinha poucos anos de criado.
Lucídio Portella não ficou sozinho; em agosto de 86 formalizou
acordo com seu arqui adversário, o engenheiro Alberto Silva.
O racha do “esquema” prejudicou a campanha do então deputado
Antônio de Almendra de Freitas Neto, já então filiado ao PFL, criado com
dissidentes do PDS de Lucídio Portella.
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