Marcelo Castro foi a Pernambuco ver os casos de Zica |
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, admitiu que o Brasil não combateu o mosquito Aedes aegypti,
"para vencer".
Isso teria levado o país a enfrentar uma epidemia de
zika, febre chikungunya e dengue em 2015, com mais de 1,5 milhão de casos.
Castro participou de uma reunião com prefeitos de Pernambuco
em Gravatá (a 80 km do Recife), Estado com maior número de casos de
microcefalia.
"O zika vírus é hoje o inimigo número um da saúde
pública do Brasil. A gente vinha combatendo a dengue, combatendo o mosquito
Aedes aegypti, mas, como disse o nosso prefeito [do Recife] Geraldo Júlio, a
gente vinha, assim, 'combatendo',
Mas não era aquele combate para vencer: era em fogo brando.
E na verdade vínhamos perdendo essa batalha. Esta nós não podemos perder porque
são dramas humanos", disse.
O ministro foi a Pernambuco, Estado que concentra 646 casos
de bebês com microcefalia. No entanto, não foi apresentado um plano de combate
ao surto. Mais cedo, o ministério da Saúde confirmou pela primeira vez a
existência de relação entre o zika vírus e a microcefalia.
Segundo Castro, 17 ministérios estão envolvidos nessa
discussão e o plano com valores de investimento deve ser apresentado na próxima
semana.
"É plenamente possível [o remanejamento de recursos],
visto que não há, neste momento, nenhum problema com essa gravidade, com a
necessidade e ações urgentes", afirmou.
O ministro ainda deu um puxão de orelha nos gestores
pernambucanos por cobrarem mais recursos. "Não é só falta de dinheiro, é
também má gestão, desvio de recursos, gente inescrupulosa fazendo miséria com
dinheiro público.
Nós temos que ser o
máximo eficiente possível para ter moral, para ir à opinião pública de maneira
enfática pedir mais recurso. Mas para isso a sociedade precisa saber que o seu
dinheiro será bem aplicado", afirmou.
O ministro voltou a dizer que ainda não há informações
suficientes para saber quais as consequências do problema nos próximos meses,
nem soube afirmar se os números tendem a crescer nas próximas semanas.
"Tudo para nós é novidade. Tudo que está sendo relatado agora, que está
sendo descrito vamos formar a literatura daqui por diante para todo o mundo.
"Também nesta segunda-feira, o governo de Pernambuco
lançou o plano emergencial de enfrentamento ao mosquito Aedes Aegypti e
assistência a mães e crianças com microcefalia. A previsão de investimento
inicial é de R$ 25 milhões.
Serão 15 milhões para estruturação de centros regionais de
acompanhamento das crianças com microcefalia, R$ 5 milhões para compra de
equipamentos e R$ 5 milhões para campanhas de publicidade para engajamento
social.
Nesta segunda, o ministério da Saúde confirmou que existe
relação entre a transmissão do zika vírus e o surto de microcefalia.
"A
confirmação do vírus em uma criança com má-formações confirmou a tese da
relação entre zika e a microcefalia", disse Claudio Maierovitch, diretor
do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde.
Depois do aumento de investigação e divulgação de dados
relativos ao zika, pesquisadores afirmaram que a forma de contágio do vírus não
se daria somente pelo mosquito, podendo ser transmitido por meio de relação
sexual, transfusão de sangue e transplante de órgãos, segundo o Instituto
Evandro Chagas (IEC) de Belém.
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