terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Folha: Sob protestos, Conselho de Ética adia novamente votação de parecer contra

Advogado de Cunha cumprimenta relator do processo
Sob protestos de manifestantes, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados adiou pela 5ª vez, nesta terça-feira (8), a votação do parecer do relator Fausto Pinato (PRB-SP) a favor da continuidade das investigações contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A votação foi impedida pelo início das votações da Câmara, a chamada ordem do dia que provocou a dispersão dos deputados do conselho de ética.


A reunião do conselho começou às 14h, e a ordem do dia por volta das 17h10, com impossibilidade de qualquer votação por causa do processo do impeachment que recomeçou hoje.

A impossibilidade de realizar a votação foi anunciada pelo presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), que marcou nova reunião da comissão para esta quarta-feira (9).

Os deputados não conseguiram realizar a votação nesta terça-feira, por causa do tempo tomado pela fase de debates sobre o parecer. Havia 14 deputados inscritos.

Aliados de Cunha no conselho também apresentaram uma série de questões de ordem questionando o andamento da sessão, o que tomou tempo da parte final da reunião, quando seria realizada a votação.

Cunha é acusado de ter omitido contas na Suíça que teriam recebido propina ligada ao esquema de corrupção na Petrobras.

O peemedebista nega as acusações, diz que não recebeu propina e que não possuía contas, mas sim trusts, tipo de investimento no qual os bens são administrados por terceiros.

"Não existe nenhum fundamento na representação e nem no voto proposto pelo ilustre relator para que nós tenhamos a aceitação de que algo seja admitido e que o processo tenha continuidade", afirmou na sessão o advogado do peemedebista, Marcelo Nobre.

Nesta fase do processo, o conselho avalia apenas se há elementos para a continuidade do processo. A investigação e o julgamento são feitos na etapa seguinte.

O processo contra Cunha pode terminar até com a cassação do mandato do parlamentar. Mas se a continuidade da investigação for aprovada, o caso só deve ser julgado pelo plenário da Câmara em 2016. A perda do mandato tem que ser aprovada pelo voto de 257 deputados.

Próximo ao momento em que o presidente do conselho anunciou o encerramento da sessão, manifestantes com cartazes entraram na sala da reunião gritando "Fora, Cunha".

Os mesmos manifestantes –ligados a movimentos estudantis- estavam no começo da reunião com cartazes em que pediam um "Natal sem Cunha" e protestavam contra o processo de impeachment, com frases como "Não o golpe".

O deputado Manoel Júnior (PMDB-PB) apresentou um requerimento pedindo o adiamento da reunião, por causa de recurso que ele apresentou pedindo o afastamento do relator.

O requerimento foi negado pela maioria dos integrantes da comissão. Manoel Júnior usa no requerimento a mesma argumentação dos advogados de Cunha, que entraram com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) com o mesmo pedido.

Durante os debates na reunião, três deputados já se posicionaram contrários ao parecer de Pinato. João Carlos Bacelar (PR-BA) e Carlos Marun (PMDB-MS) defenderam que a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Cunha não é prova de que ele cometeu irregularidades, porque o caso ainda não foi julgado pela Justiça.

Cunha foi denunciado ao STF (Supremo Tribunal Federal) por suspeita de ter recebido US$ 5 milhões em propina ligada a contratos de navios-sonda da Petrobras.

"A palavra do Ministério Público vale tanto quanto a do advogado de defesa. Não posso aceitar que uma denúncia não recebida pelo Supremo Tribunal Federal se constitua em prova", disse Marun.

Já Paulinho da Força (SD-SP) fez uma defesa da condução da pauta de votação da Câmara por Cunha, que segundo ele privilegiou projetos de interesse dos trabalhadores, e criticou o PT, partido que anunciou voto contrário ao peemedebista.

"Voto com o Eduardo Cunha porque sei que quem tem que se explicar ao povo brasileiro é o PT. Quem assaltou o povo brasileiro foi o PT", disse Paulinho.

Cacá Leão (PP-BA) e André Fufuca (PEN-MA) também se manifestaram contrariamente ao prosseguimento do processo contra Cunha.



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