A cada instante, Eduardo Cunha fica sem alternativas |
Os petistas. que vinham sinalizando votar contra Cunha, discutem a possibilidade de, "em nome da governabilidade", rever a posição e votar para enterrar o processo de cassação.
A ameaça de Cunha de dar seguimento ao impeachment foi feita
em almoço com o vice-presidente, Michel Temer, quando, segundo a Folha apurou,
ele disse que iria esperar o comportamento dos três deputados petistas no
Conselho de Ética para só então decidir o que fará com os pedidos de
impeachment.
Segundo interlocutores de Cunha, ele não descarta a
possibilidade de acatar um pedido de impedimento da presidente se os petistas
votarem contra ele.
Temer, por sua vez, afirmou que "evitou a história de
impeachment" no almoço. Cunha também nega ter discutido o tema.
Em conversas reservadas, o presidente da Câmara acusou o
Planalto de estar por trás da acusação de que ele teria recebido R$ 45 milhões
do BTG Pactual para incluir mudança em uma medida provisória. Voltou a dizer
que foi tudo "armação".
O placar no Conselho de Ética, que se reúne nesta terça
(1º), tem grande chance de ser apertado. Caberá aos 21 integrantes do colegiado
dizer se há ou não indícios mínimos para prosseguir com o processo contra o
peemedebista.
O relatório de Fausto Pinato (PRB-SP) é pela continuidade do
processo. O PT tem três integrantes titulares no Conselho, votos considerados
cruciais para pender a balança para um dos lados.
"Vamos analisar amanhã [nesta terça] todo o cenário,
sabemos tudo o que está em jogo e, naturalmente, sabemos que somos uma bancada
de governo", disse o deputado Zé Geraldo (PA), um dos petistas no
conselho.
Ele lembra que o quadro de instabilidade política na Câmara
e no Senado ameaça a votação de projetos importantes do ajuste fiscal, o que
deve ser levado em conta.
"Há instabilidade na Câmara, agora também no Senado.
Temos apenas 20 dias para votar o Orçamento, então temos que analisar o que
significará a nossa posição no conselho."
Outro dos petistas do órgão, Léo de Brito (AC) afirmou,
porém, que pretende manter a posição de votar pela continuidade do processo.
A bancada petista passou o dia em conversas com os ministros
Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Jaques Wagner (Casa Civil) para
definir uma posição.
O Palácio do Planalto pediu a deputados do partido que
convençam os três petistas a não entrarem em conflito direto com Cunha.
O receio é de que uma instabilidade nas duas Casas inviabilize
a votação da meta fiscal de 2015 e a prorrogação da DRU (Desvinculação de
Receitas da União), o que poderá agravar ainda mais a crise política e retomar
a ameaça de um impeachment.
O núcleo de ministros próximos a Dilma reconhece que, apesar
do esforço do governo, a pressão da opinião pública sobre os três petistas
poderá levá-los a se posicionarem favoravelmente ao prosseguimento do processo
de afastamento de Cunha.
A contabilidade de aliados e adversários do peemedebista
nesta segunda (30) apontava que Cunha poderia receber 10 votos favoráveis, mas
trabalha para obter os três do PT e o de Paulo Azi (DEM-BA).
Caso consiga barrar o relatório de Pinato, aliados de Cunha
podem tentar evitar que haja recurso contra essa decisão ao plenário da Câmara.
Para isso, o novo relator do caso, a ser escolhido entre o
grupo que votou contra Pinato, defenderia um texto pedindo punição branda, como
censura escrita.
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