O senador, preso desde dia 25, decidiu falar o que sabe |
O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) decidiu partir para um
acordo de delação premiada depois de se sentir abandonado pelo PT.
Ele contratou o advogado Antonio Augusto Figueiredo Basto,
que cuidou da delação de mais de uma dezena de acordos de delação na operação
Lava Jato, entre eles o de Alberto Youssef.
Delcídio foi preso no último dia 25 sob suspeita de tentar
sabotar as investigações da Lava Jato. Gravações mostram o senador falando em
pagar mesada para que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró excluísse seu
nome do acordo de delação que negociava.
Segundo advogados que atuam no caso, Figueiredo Basto teve
uma conversa preliminar com representantes de Delcídio do Amaral em Brasília há
cerca de uma semana, mas fechou a condução do caso nesta terça (8).
Ele atuará com Adriano Bretas, que também conduziu vários
acordos de delação premiada na Lava Jato. Entre os clientes dos dois advogados
estão também o dono da UTC Ricardo Pessoa, o lobista Julio Camargo, e outros.
A Folha apurou que o advogado Basto foi procurado pela
mulher de Delcídio, Maika, mas a família ainda não chegou a falar abertamente
que o senador está disposto a fazer uma delação premiada.
Porém, a simples busca por esse escritório já indica a
disposição, pois tanto Basto quanto seu parceiro, o Bretas Advogados, já
atuaram na defesa de diversos investigados que se tornaram delatores durante a
Operação Lava Jato.
Um dos advogados contou à Folha, sob a condição de não ser
identificado, que a estratégia dos escritórios será definida após uma reunião
na manhã desta quarta-feira (9) em Curitiba (PR).
Ainda que a delação não esteja definida, os advogados
observaram que não realizarão uma defesa litigiosa ou conflitiva com a Operação
Lava Jato, pelo contrário, trabalham pela "higidez da operação", na
linha de que os delatores estão fornecendo informações verdadeiras, que
possibilitaram a revelação de inúmeros crimes e irregularidades.
O advogado Maurício Silva Leite, que defende o senador
Delcídio desde a sua prisão, no ultimo dia 25, vai continuar atuando em defesa
do parlamentar no tocante a um pedido de revogação da prisão de Delcídio que
tramita no STF (Supremo Tribunal Federal).
Basto e Bretas vão atuar nos inquéritos movidos por
iniciativa da PGR (Procuradoria Geral da República) no STF.
O banqueiro André Esteves, preso no mesmo dia pela Polícia
Federal, bancaria R$ 4 milhões para a família de Cerveró. A contratação de
Figueiredo Basto foi revelada pelo site "Antagonista".
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